O que está acontecendo com o mundo da tecnologia exponencial, da transformação digital e da Inteligência Artificial?
Nas últimas semanas, fomos "surpreendidos" por uma sequência de notícias algo alarmantes sobre o desempenho de alguns ícones da nova economia.
WeWork cancelou seu IPO em decorrência das estimativas desfavoráveis, que apontavam para uma valorização de no máximo 20% do objetivo originalmente pretendido.
Uber vem registrando prejuízos que já superam a casa dos US$ 1 bilhão anuais (o que não é incomum para os novos negócios digitais) e suas ações perderam mais de 40% do valor no segundo semestre de 2019.
Singularity, a "universidade" que promete transformar executivos em seres exponenciais, enfrenta dificuldades financeiras, perdeu seu CEO e promete cortar custos e demitir algumas dezenas de funcionários.
WeWork, Uber e Singularity são apenas alguns exemplos de empresas impactadas pelos ventos de mudança dos últimos dois anos.
As regras do "econogambling" (o jogo de apostas que alimenta o ecossistema das startups) estão mudando e os investidores estão exigindo lucro.
A tecnologia já não evolui de forma tão acelerada. A maioria das novas soluções alcançou o topo da curva "S" e deixou de parecer exponencial, dando tempo para que os profissionais assimilassem as mudanças.
O ser humano voltou a ocupar o centro das discussões sobre o futuro, e o impacto da tecnologia sobre a sociedade passou a ser o "hot topic" dos eventos mais importantes sobre inovação.
Como se costumava dizer nos tempos do telefone públicos (orelhões), "caiu a ficha", e os executivos e investidores, menos deslumbrados pelos narcóticos verbais, voltaram aos princípios básicos: lucro é importante, o cliente define o sucesso e tecnologia é apenas um recurso.
"A sociedade não compra tecnologia. Ela compra comodidade."
WeWork é uma empresa do ramo imobiliário e Uber, de mobilidade urbana. Não são empresas de tecnologia. Elas apenas foram as primeiras em seu setor a utilizar a tecnologia de forma criativa e, agora, precisam aprender mais sobre sua verdadeira atividade.
Singularity está no ramo da educação executiva, e explorou com singular eficiência o tema do início da década (tecnologia exponencial), mas demorou para perceber "lifelong learning" demanda estar um passo à frente das transformações e não antecipou a "virada temática".
Corremos o risco de ver esse ciclo se repetindo com a Inteligência Artificial, que é a "bola da vez" dos modismos digitais.
O segredo para evitar futuros revezes é lembrar da máxima de Protágoras: "o homem é a medida de todas as coisas".