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Experiências, criatividade e inovação

Inovação é a palavra de ordem das organizações para fazer frente aos desafios do contexto de aceleração e complexidade dos ecossistemas de negócio.

Fazer o novo, para aumentar a eficiência operacional, aproveitar oportunidades de mercado e construir vantagens competitivas, está no topo da lista de prioridades dos CEOs.

Inovação requer criatividade, um complexo processo mental capaz de gerar novas ideias.

Ainda que se possa instaurar uma cultura criativa “top-down”, garantindo um ambiente seguro e mais relaxado e incentivando o respeitoso acolhimento de novas ideias, e mesmo que valorizemos as “soft skills” e a inteligência emocional na seleção das equipes e realizemos workshops com técnicas associativas para estimular novas ideias, a matéria prima para que a inovação aconteça é o cérebro humano.

“Botton-up” e “top-down” são jargões que não se aplicam nesse caso. O processo criativo que alimenta a inovação é “inside-out”. Precisamos, por um momento, desviar o foco do resultado da inovação para sua origem, que é cada um dos indivíduos que compõem a equipe.

O processo criativo que alimenta a inovação é "inside-out"

De acordo com o conhecimento científico atual, nossas ideias são fruto de processos sinápticos. Simplificadamente, uma sinapse é a transmissão de informação de um neurônio para outro. Nossos 86 bilhões de neurônios se conectam com seus vizinhos através de um processo eletroquímico. Considerando que cada neurônio pode se comunicar com algo em torno de mil outros neurônios, temos algumas dezenas de trilhões de sinapses acontecendo em nosso cérebro. Os caminhos sinápticos definem nossa percepção da realidade e nossos pensamentos.

Quando criamos sinapses novas, temos novas interpretações e ideias.

Novas sinapses são criadas a cada nova experiência. A repetição da experiência e sua carga emocional contribuem para consolidar um caminho sináptico. Poderíamos chamar isso de memória sináptica ou de aprendizado. Novos caminhos não consolidados tendem a esvanecer.

Começamos a construir os caminhos sinápticos quando nascemos (ou talvez um pouco antes). O mundo do recém nascido é rico em novas experiências. Na verdade, tudo é novo, e novos caminhos sinápticos são gerados a cada instante. A percepção de mundo de uma criança muda constantemente e, com isso, também sua forma de interagir. Não é por acaso que consideramos que as crianças são muito criativas. Elas, de fato, concebem incessantemente novas formas de se relacionar com tudo o que existe ao seu redor.

Até a idade adulta, colecionamos um repertório de caminhos sinápticos e sedimentamos os processos que vão sendo definidos por nossos hábitos, costumes, convenções e regras. O número de novas vivências significativas de um ser humano adulto é relativamente pequeno, quando comparado ao de uma criança.

Sem novas sinapses, nossa interação com o mundo tende a ser repetitiva. Isso, de um modo geral, é bastante prático e favorável à nossa sobrevivência, mas é um empecilho para atendermos a demanda do CEO.

Para termos uma ideia realmente nova, precisamos de novos caminhos sinápticos. E, ao que tudo indica, vamos precisar de experiências novas para conseguir abrir novas avenidas para as ideias em nosso cérebro.

Para termos ideias novas, precisamos desenvolver novos caminhos sinápticos.

Ainda que, daqui a alguns anos, a ciência possa oferecer novas explicações para esse processo, basta observar as crianças, ou os adultos que passam por experiências intensas, para perceber que o conceito é verdadeiro.

Em termos práticos, se o nosso CEO espera novas ideias, precisa oferecer novas experiências a cada indivíduo de sua equipe, para que possam desenvolver novos caminhos sinápticos.

Não é algo trivial, já que as normas de “compliance”, os códigos de conduta, os manuais de boas práticas e todo o arcabouço de gestão e controle das empresas visa, justamente, padronizar comportamentos e garantir que não aconteçam surpresas.

É possível, entretanto, oferecer algumas vivências diferentes, facilitadas por especialistas e adequadas ao ambiente organizacional, e instaurar práticas razoavelmente seguras que promovam novas experiências como “job rotation” e “home office”, entre outras.

Ou, simplesmente, estimular conversas sobre as atividades individuais de cada membro da equipe, que podem motivar os demais a experimentar coisas novas.

Eu acabo de adquirir meu primeiro tambor xamânico, Lakota (Sioux), e posso afirmar que tocar tambor é uma experiência simples, segura e muito interessante.

Não vou descrever. Apenas recomendar que experimentem

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