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Inovação aberta híbrida

Economia colaborativa é um conceito relativamente novo que transformou a maneira pela qual as organizações investem em inovação.

Na última década, grandes corporações experimentaram buscar soluções criativas em ecossistemas de inovação ou através de maratonas "hacking" com foco em seus desafios.

Em diversos casos, isso justificou a redução de investimentos em equipes internas de R&D (pesquisa e desenvolvimento), "melhorando" o resultado financeiro de curto prazo das empresas.

Esse período experimental parece ter sido suficiente para gerar alguns aprendizado, particularmente no que se refere aos riscos inerentes à terceirização da inovação.

(1) O modelo pode transformar a cultura das organizações, fomentando a priorização da eficiência operacional, a busca de resultados financeiros de curto prazo e a aversão ao risco;

(2) As organizações, gradativamente, deixam de ser especialistas naquilo que oferecem a seus consumidores e transformam-se em especialistas na comercialização de soluções;

(3) Há pouco espaço para profissionais criativos e inovadores no modelo de terceirização da inovação. Esses profissionais tendem a deixar a empresa, desfalcando a organização nas competências essenciais originais;

(4) A médio prazo, a terceirização da inovação nem sempre gera economia, e pode tornar a organização mais dependente e vulnerável.

Essas e outras questões que poderíamos elencar não determinam que o modelo de inovação aberta seja abandonado, mas que seja melhor ajustado.

Tomemos como exemplo o setor de produtos de beleza, referenciados pela matéria recentemente publicada pelo jornal Meio&Mensagem.

A Avon acaba de anunciar o lançamento do Protinol, uma substância que estimula a produção dos colágenos tipos I e III, responsáveis pela firmeza da pele. O produto, que promete ser revolucionário e substituir o Retinol, foi desenvolvido pela equipe de inovação da Avon e teve seus resultados validados pela Universidade de Manchester. O desenvolvimento interno garante que a Avon possa oferecer produtos de alto valor agregado a preços mais baixos do que seus principais concorrentes, de acordo com seu posicionamento de mercado.

A L'Oreal, outra gigante do ramo, está recorrendo ao ecossistema de inovação para encontrar soluções para rentabilização e otimização de demanda, produção e distribuição das amostras de produtos, através da aceleradora Fábrica de Startups.

A Nívea (Biersdorf), acaba de criar um "desafio", para o desenvolvimento de apps com soluções para melhorar a experiência dos clientes em cuidados faciais nos pontos de venda. Os melhores projetos serão apresentados para a diretoria da empresa num Pitch Day em março.

No primeiro caso (Avon), a arquitetura de inovação aberta foi utilizada para validar a inovação. Nos outros dois, as empresas buscaram parceiros para o desenvolvimento de soluções relevantes para eficiência de seus negócios, mas em áreas que não são sua especialidade.

O setor de beleza está entre os que mais investem em inovação residente e as três empresas mencionadas são bons exemplos disso, indicando o que talvez seja o melhor caminho para aproveitar os benefícios do modelo de inovação aberta, reduzindo seus riscos.

Para usar uma palavrinha da moda, um modelo híbrido, onde apenas a inovação periférica é terceirizada.

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