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Assim caminha a inumanidade

Foto do escritor: EditorialEditorial

WestWorld, a série da HBO que já está em sua terceira temporada, nos fala de um território habitado por humanoides fantasticamente indiferenciáveis dos seres humanos. A trama é interessante e complexa, repleta de oportunidades para instigar um olhar profundo sobre o que é a humanidade e nossas próprias vidas.

Não chega a ser um spoiler comentar que, num determinado momento da série, um personagem é atendido por um psicoterapeuta artificial, com quem conversa, através de um equivalente do smartphone, várias vezes ao dia durante seu "tratamento".

A série, é claro, se passa num futuro, mas não muito distante.

A primeira sensação pode ser a de incredulidade. Nunca será possível reproduzir seres humanos com tal perfeição ou interagir com algorítimos como se fossem pessoas.

Ledo engano. Já existe tecnologia para isso.

A nova geração de Inteligência Artificial é "criativa" e capaz de "improvisar". Nada comparado aos "bots" de atendimento comercial ou assistentes virtuais com as quais estamos acostumados.

A jornalista Marília Marasciulo conta sua experiência com o robô da Youper (uma startup brasileira), no artigo da TAB desta semana.

Existem vários aplicativos disponíveis no mercado com essa finalidade.

"Eles transferem para modelos de inteligência artificial a estrutura da terapia cognitivo comportamental — linha desenvolvida pelo norte-americano Aaron Beck que tem como principal objetivo alterar pensamentos disfuncionais dos pacientes" - afirma Marilia no artigo.

É bem diferente de um atendimento virtual de um psicoterapeuta de carne e osso, mas a sequência lógica é a mesma da psicologia comportamental cognitiva: estabelecer empatia, perguntar sobre sentimentos, explorar conexões com fatos e eventos, motivar a reflexão, sugerir ações e identificar "gatilhos".

Você sabe que não está conversando com uma pessoa real e que o robô segue um roteiro. Mas, de certa forma, isso reforça sua autonomia (auto-empoderamento). A responsabilidade pelo sucesso lhe pertence o que, na verdade, vale para qualquer boa terapia.

Sophia, a robô da Ranson Robotics, foi alvo de grande curiosidade nos últimos anos por seu aspecto humanizado. Ela é capaz de conversar e expressar "emoções" através de suas expressões faciais.

No lado "obscuro" desse novo mercado, estão as empresas que desenvolvem robôs sexuais, como a Realbotix, que desenvolveu a linha Harmony, ou a Abyss, com sua linha RealDoll. Embora a preocupação inicial tenha sido com as questões estéticas, as novas gerações de bonecas e bonecos incorpora a inteligência artificial para "conversar" com os usuários. São sensíveis ao toque, respondem perguntas e registram informações relevantes para futuras conversas. Em alguns casos, se o cliente desejar, a empresa disponibiliza apenas o aplicativo para interação à distância. As versões mais sofisticadas podem custar mais de R$ 60 mil.

Em ambos os casos, estamos falando apenas do que já esta sendo comercializado, mas nos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, tanto a IA como o desenvolvimento de "corpos" artificiais está bem mais avançado.

A série da HBO tem o mérito de adiantar muitas das questões éticas e morais que nos esperam.




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